WALL-E...u te amo!

Há algo sobre robôs manifestando os bons sentimentos humanos que amolece o meu coração de ferro e sucateado de guerra. WALL-E é o descendente de R2-D2 e C3PO mais simpático e adorável que já apareceu na tela do cinema. Tão gracioso e cheio de vida que quase me fez ter um curto-circuito.

Demorei um pouco para digerir a idéia de assistir o filme, pois:

1 – é da Pixar – e eu não digo isso por ser uma empresa de animação, e por isso, direcionada ao público infantil, mas por causa de temas como Carros falantes, ratos na cozinha e super heróis aposentados, simplesmente não é do meu grado.

2 – é de ficção científica, gênero que eu também não curto muito, pois não sou, digamos, assim, uma Trekkie;

3 – sabia de antemão que o filme praticamente não tinha diálogos. E eu amo diálogos, eu adoro diálogos, venero diálogos, tanto que acho os filmes da Sofia Copolla aporrinhantes e assisti-los, para mim, é uma péssima forma de passar o tempo, pois não me sinto uma pessoa agradada pela história em si, nem engrandecida pelas informações, nem uma pessoa melhor. Minto, me sinto uma pessoa melhor sim, melhor que ela, pois eu escreveria melhores roteiros, escreveria roteiros com DIÁLOGOS e não com repetições de cenas entediantes Ad Infinitum.

WALL-E quase não apresenta conversas. Na verdade, os primeiros quarenta minutos do filme não contêm uma fala sequer, e, se não me engano, as únicas palavras do herói durante o filme inteiro, são: “WALL-E”, “EVA”, “Terra” e “Matriz”. Mas isso não significa que não existe uma narração no filme. A história é contada através de uma narrativa visual proposta através dos olhos do robozinho e o que ele vê é um poema cinematográfico obscuro e complexo, por isso, para alguns o filme é difícil de fluir.

O cenário inicial é uma cidade sombria de muitos prédios, lixo e nenhum habitante, mas com evidencias que lá, há muito tempo atrás, existiu civilização. O planeta com a população dizimada, é um tema que já atormentou Steven Spielberg em I.A. com o robozinho com síndrome de Pinocchio, Fracis Lawerence em Eu sou a lenda com Will Smith e Bob Marley, e o mal interpretado Shyamalan em Fim dos tempos com o cara malvado fazendo papel de bonzinho Mark Wahlberg e, agora, Andrew Stanton roteirizando e dirigindo WALL-E da Pixar.



WALL-E é o robô solitário morador do silencioso e pós-apocalíptico planeta Terra, abandonado por 700 anos para compactar em pequenos cubos a grande sujeira deixada pelos homens. Ele desenvolveu personalidade. Diferente de Marvin, robô depressivo do Guia dos Mochileiros das Galáxias, WALL-E é um robô inquisidor que tenta recolher esperança. Ele, então, coleta, coleciona e se cerca de reminiscências humanas: luzes natalinas, isqueiro, um cubo de Rubik, videotapes, objetos sem valor que ele transforma em companheiros queridos devido a sua solidão.

Ele está lá, recolhendo e compactando a sujeira como tem feito pelos últimos sete séculos, quando vê algo novo, e como faz tudo com que desperta a sua atenção, ele guarda. De volta à sua casa, ele assiste a Hello, Dolly! o que ele já deve ter provavelmente assistido algumas milhares de vezes, e com que ele aprendeu sobre dança, amor, andar de mãos dadas, fazendo com que ele espere alguém com quem possa compartilhar essas lições.

Após uma espera quase eterna, a oportunidade de amar aparece em um robô branco, reluzente, frio e distante, em forma de ovo, a EVA. O nosso pequeno WALL-E se apaixona perdidamente por ela, mas EVA que é um tanto hostil, enviada à Terra para checar sinais de vida e só pensa em fazer isso. Por mais que ele queira lhe mostrar tudo de lindo que ele encontrou no planeta coberto de lixo. WALL-E, mostra o que ele tem de mais peculiar, uma plantinha, e faz com que EVA guarde-a e se tranque em sua forma de ovo. Ela é chamada de volta à nave mãe para reportar suas descobertas, mas, felizmente, nosso herói de lata é super-insistente e completamente sem noção, então, quando ela parte, ele se agarra a ela.

Nada iria impedir esse robô de olhos grandes de estar com sua obra prima mecânica EVA. NADA. Nem centenas de milhares de anos-luz de viagem sideral. Nem robôs modernos, poderosos e malignos. Nem seres humanos em formato de gelatina que não conseguem mais pisar no chão, nem ter contato uns com os outros e que perderam a noção sobre o que é ter um planeta antes de seus ancestrais tivessem o destruído. NADA.

Sim, existe um bom número de lições importantes contidas no filme:

- Proteja o meio ambiente,

- não fique fissionado na tecnologia e esqueça as relações face-a-face com os seres humanos,

- observe as coisas ao seu redor com os próprios olhos e não através de uma tela.

Mas, fundamentalmente, WALL-E é uma das mais românticas histórias de amor postas em um filme, mesmo sendo da Pixar, mesmo sendo de ficção científica. Por isso, ri, chorei, vibrei, e quando a sessão acabou, quis me levantar e bater palmas e saudar como se fosse uma boa apresentação de uma banda de rock que eu gosto. Eu que não sou fã da Pixar, que não me agrado com o gênero de ficção científica e que sou louca por diálogos.

Quanto a mim, que assisti o filme semana passada, prestes a sair de cartaz, passei a semana toda abrindo a janela para escrever o post e fechando. Por que? Porque sabia que ia falhar em falar o quanto o filme é bom, pois ele foi muito inesperado, e quando me deparo com algo assim, tão novo e bonito, me faltam palavras para descrevê-lo, de vez em quando até o ar me falta. Eu que não me surpreendo fácil e sempre tenho algo a dizer.

WALL-E é um filme tão sensível, que eu não pude fazer nada alem de ser atraída para o mundo sombrio e solitário do robozinho à procura de amor. A Pixar criou um filme para ser apreciado por todas as idades e que com certeza entrará na lista como um dos melhores desenhos animados já criados. Sei que essas palavras parecem ser fortes, mas agracie-se a si mesmo e veja o filme, assim, você saberá como elas são totalmente justificadas.