Há algo sobre robôs manifestando os bons sentimentos humanos que amolece o meu coração de ferro e sucateado de guerra. WALL-E é o descendente de R2-D2 e C3PO mais simpático e adorável que já apareceu na tela do cinema. Tão gracioso e cheio de vida que quase me fez ter um curto-circuito.
Demorei um pouco para digerir a idéia de assistir o filme, pois:
1 – é da Pixar – e eu não digo isso por ser uma empresa de animação, e por isso, direcionada ao público infantil, mas por causa de temas como Carros falantes, ratos na cozinha e super heróis aposentados, simplesmente não é do meu grado.
2 – é de ficção científica, gênero que eu também não curto muito, pois não sou, digamos, assim, uma Trekkie;
3 – sabia de antemão que o filme praticamente não tinha diálogos. E eu amo diálogos, eu adoro diálogos, venero diálogos, tanto que acho os filmes da Sofia Copolla aporrinhantes e assisti-los, para mim, é uma péssima forma de passar o tempo, pois não me sinto uma pessoa agradada pela história em si, nem engrandecida pelas informações, nem uma pessoa melhor. Minto, me sinto uma pessoa melhor sim, melhor que ela, pois eu escreveria melhores roteiros, escreveria roteiros com DIÁLOGOS e não com repetições de cenas entediantes Ad Infinitum.
WALL-E é o robô solitário morador do silencioso e pós-apocalíptico planeta Terra, abandonado por 700 anos para compactar em pequenos cubos a grande sujeira deixada pelos homens. Ele desenvolveu personalidade. Diferente de Marvin, robô depressivo do Guia dos Mochileiros das Galáxias, WALL-E é um robô inquisidor que tenta recolher esperança. Ele, então, coleta, coleciona e se cerca de reminiscências humanas: luzes natalinas, isqueiro, um cubo de Rubik, videotapes, objetos sem valor que ele transforma em companheiros queridos devido a sua solidão.
Nada iria impedir esse robô de olhos grandes de estar com sua obra prima mecânica EVA. NADA. Nem centenas de milhares de anos-luz de viagem sideral. Nem robôs modernos, poderosos e malignos. Nem seres humanos em formato de gelatina que não conseguem mais pisar no chão, nem ter contato uns com os outros e que perderam a noção sobre o que é ter um planeta antes de seus ancestrais tivessem o destruído. NADA.
- Proteja o meio ambiente,
- não fique fissionado na tecnologia e esqueça as relações face-a-face com os seres humanos,
- observe as coisas ao seu redor com os próprios olhos e não através de uma tela.
Mas, fundamentalmente, WALL-E é uma das mais românticas histórias de amor postas em um filme, mesmo sendo da Pixar, mesmo sendo de ficção científica. Por isso, ri, chorei, vibrei, e quando a sessão acabou, quis me levantar e bater palmas e saudar como se fosse uma boa apresentação de uma banda de rock que eu gosto. Eu que não sou fã da Pixar, que não me agrado com o gênero de ficção científica e que sou louca por diálogos.
Quanto a mim, que assisti o filme semana passada, prestes a sair de cartaz, passei a semana toda abrindo a janela para escrever o post e fechando. Por que? Porque sabia que ia falhar em falar o quanto o filme é bom, pois ele foi muito inesperado, e quando me deparo com algo assim, tão novo e bonito, me faltam palavras para descrevê-lo, de vez em quando até o ar me falta. Eu que não me surpreendo fácil e sempre tenho algo a dizer.