Quem mais poderia ter interpretado Drew Baylor?

Elizabethtown

Título Original: Elizabethtown
Gênero: Comédia Romântica

Tempo de Duração: 123 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2005
Site Oficial: www.elizabethtown.com

Estúdio: Paramount Pictures
/ Cruise/Wagner Productions / Vinyl Films
Distribuição: Paramount Pictures / UIP
Direção: Cameron Crowe
Roteiro: Cameron Crowe
Produção: Cameron Crowe, Tom Cruise e Paula Wagner
Música: Nancy Wilson
Fotografia: John Toll
Desenho de Produção: Clay A. Griffith
Direção de Arte: Beat Frutiger
Figurino: Nancy Steiner
Edição: Mark Livolsi e David Moritz
Efeitos Especiais: Digital Filmworks Inc. / Flash Film Works


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Elizabethtown é o tipo do filme que penso que tem uma estória super-bacana tanto que sou orgulhosa dona do DVD e até indico para outras pessoas, mas agarro-me a triste certeza que o ator principal meio que cagou tudo.

Basicamente, o filme é salvo por duas razões: é do Cameron Crowe – quem escravizou meu coração desde Quase Famosos, e a perfeição da trilha sonora – o esperado em todos os filmes dele.

A pergunta que não cala é: Por que diabos pensaram que o Orlando Bloom sabe atuar?

Tá, ele foi bem interpretando o eterno, etéreo, silencioso e quase gay elfo Legolas no Senhor dos Anéis. Ele também teve talento para manusear espadas em Piratas do Caribe, mas não há evidencia que prove que ele consiga sustentar um diálogo.

Em Elizabethtown, ele não brinca com armas, não mata, nem consegue se matar, mas, sendo o foco principal do filme, ele extermina diálogos belíssimos.

Lembrando o detalhe que ele está interpretando um personagem americano, ou seja, ele teria que ter um sotaque americano convincente. Então, quando ele fala, falha em um péssimo sotaque britânico.

Bloom simplesmente não é tão bom quanto o personagem principal, Drew Baylor. O personagem não fala muito, com exceção da narração mental em primeira pessoa. Ao invés, Crowe utilizou-se das expressões faciais para fazer com que Drew seja o tipo de cara que caminha pelo mundo alheio ao seu, encontra caracteres diversos e se sente transformado por eles.

Drew Baylor está no topo da montanha. Ele é o bam-bam-bam de uma grande corporação executiva. Jovem, bonito, brilhante, talentoso e responsável pelo o maior lançamento de todos os tempos de um tênis de uma marca que pode ser a Nike. Queridinho por todos, tem uma linda namorada, preferido do chefe. O exemplo que jovens executivos aspirariam seguir se ele não tivesse causado um pequeno deslize, um desastre avaliado na quantia irrisória de um bilhão de dólares.

Montanha-russa abaixo, ele é demitido, a namorada o abandona, publicamente humilhado, tem o rosto emplastrado em todas as revistas de negócios do país com a descrição de “loser”. E lá, do fundo do poço, no momento em que tenta acabar com a sua miséria, recebe o telefonema de sua irmã que o informa que o pai deles faleceu durante uma visita aos parentes em Kentucky, na pequena cidade de Elizabethtown, e que sua mãe precisa que ele leve o terno azul do pai, com o qual ela deseja que ele seja cremado e que traga as cinzas de volta pra casa. Pois afinal, ele sempre foi o responsável da família.

Ele, então, parte em uma jornada que irá despertá-lo para as coisas importantes da vida. O que vai além do sucesso profissional, fama, dinheiro e tudo mais que é relacionado ao American Dream.

A morte do pai de Drew é a cola que une o quebra-cabeças do enredo. No decorrer do filme, o pai transforma-se em um observador quase passivo. Os laços de afetividade entre Drew e o falecido pai se tornam mais fortes do que quando ele estava vivo. Fato nada estranho para Crowe gerando como resultado um filme repleto de pequenos momentos de genialidade.

Em grande parte, é um filme sobre as pequenas coisas: um cara encontrando parentes com quem jamais havia tido contato, um primo que sente falta de um amigo encontra em você a força que precisa para reunir sua antiga e nostálgica banda, passar o tempo na mesa da cozinha da vó planejando o funeral com os amigos do seu pai enquanto os sobrinhos pentelhos perturbam. Crowe cria um sutil toque de realismo. Feche os olhos e você consegue pôr-se no lugar do personagem principal, na casa da sua vó, esperando pelo jantar. Essas são pessoas que amavam o seu pai e você não consegue impedir a sua imersão a eles, mesmo tendo hesitado primeiramente. O verdadeiro sentimento de segurança que você encontra na família mesmo quando atravessa o que consideramos os mais difíceis percalços da vida, nos acordando para o que realmente vale a pena.

A outra parte do filme, é o romance. Pois, obviamente há uma garota que deixa a atmosfera da morte mais branda e cheia de esperança. Drew passa os seus dias em Elizabethtown com a sua família e suas noites na companhia de Claire (Kirsten Dunst), quem ele conheceu no avião de uma empresa tão falida quanto a carreira dele. Estruturalmente falando, talvez esteja um pouco fora de contexto o encontro dos dois, mas em termos emocionais é absolutamente perfeito.

Claire é uma daquelas garotas bonitas, cheias de energia, tagarelas que só parecem existir nas tramas criadas por Crowe. Ela se apega a Drew e torna sua missão pessoal, fazer com que ele consiga atravessar essa experiência infernal. No inicio, ela é incomodante, mas depois, você, assim como Drew, começa a se afeiçoar a ela. E eu nunca fui fã da Dustin, mas dando a César o que é de César, ela foi perfeita para o papel. Já no final do filme, ela não é só o objeto da afeição de Drew, como também se torna o seu guia espiritual quando ele decidi fazer as pazes consigo mesmo em uma viagem de carro retornando para casa.

Elizabethtown é uma jornada comovente, emotiva e envolvente sobre a perda de alguém querido e o encontro de si mesmo. Fora do convencional, conduzido por personagens com os quais conseguimos nos identificar, embalado por boa música como todo filme de Cameron Crowe.

O filme faz com que você reflita sobre sua vida, seus laços familiares e seu futuro. Lembro de ter deixado o cinema mais satisfeita do que quando assisti filmes que possuem um elenco impecável.

13 comentários:

Chantinon disse...

Eu sou o primeiro! :)
Primeiro cliente.

Olha, já escrevi sobre esse filme também. Mas não curto contar a historia. E sendo, sincero, vc escreveu tudo do mesmo modo que eu penso. Casalzinho fuleiro colocaram para fazer esse filme, por isso acho que a quimica foi tão legal. Se tivessem usado a Julia Roberts e o Alec Baldwin eu nunca iria assistir esse filme (Já fui até pensando que seria um lixo com os citados atores).
É um dos filmes mais primorosos que já vi... adoro esse lance de existencialismo (Foda é também ser consciente que vou virar comida de vermes e que Deus pode nem existir... Buaaá)
Eu quero um céu pra mim, cheio de filmes assim. (isso foi muito gay).

bjs.

Silvinha disse...

Ainda não assisti esse filme, e sua resenha me deu vontade de vê-lo!
Eu gosto da Kirsten Dunst, principalmente quando me lembro que em um de seus 1os trabalhos ela deu um show em cima do ainda estrela Tom Cruise (hoje um weirdo). Quanto ao Orlando Bloom... bom, eu gosto do Legolas!!! Concordo plenamente com vc de que ele funciona monosilàbico e com uma arma na mão!
E a direção vale o filme...

Rodrigo Carreiro disse...

Assisti há algum tempo e lembro-me de ter gostado, mas não tanto. O final, por exemplo, estende-se muito e aquela jornada poderia ser um pouco mais curta, apesar de ser essencial. A trila é muito boa. Nem sabia que era Nancy Wilson (lembra dela em Quase Famosos? foda!).
Pior mesmo é Orlando Bloom. Kirsten tem lá seus méritos.
Ah, belo blog, sun. Discutiremos cinema tb heheh

Samantha Abreu disse...

Uowwwwww!
primeiro: êba! espeaço da hora!

segundo: sou louca por Elizabethtown, e tabém sou dona orgulhosa do DVD.
(queridaaaa, começo aa acreditar que somos siamesas!)
Mas confesso o seguinte: eu era tão, mas tão, tão apaixonada pelo filme, que me recusava a acreditar nisso: sim, poderia (ou deveria?) ter sido outro.
Eu tentava me convencer de que estava sendo chata e crítica demais em ver tamanha apatia na cara daquele cara... mas, meu!, o que qué aquilo?! O cara parece um iceberg: branco, mudo e frio.
Estranhíssimo... pensa num Matt Damon, num Edward Norton e tals...
muuuuuiito melhor!

Um beijoOO

Paulo Bono disse...

Olá menina insuportável.

Elizabethtow é o �nico filme do Cameron Crowe que não gosto. A Única coisa que me lembro é aquela ricota do Orlando Bloom.

Também não gostei do roteiro. Não sei. Não me comoveu, não me fez refletir nem um pouco. Não bateu, sacou? Talvez com outros atores pudesse ser diferente.

Que o filme tem boas músicas, já era de se esperar. Mas até isso me pareceu gratuito. "olha só como sei escolher músicas bacanas pro meu filme!".

mas para mim, esse lance de filme é assim: gostei ou não gostei.
é o que importa. E esse achei uma bosta.

Achei sua crítica muito melhor que a película. Não é que você leva jeito pra isso? Cacete! Você vai ficar insuportável mesmo.

Enfim, gostei do Suncine. Espero as próximas sessões.

grande abraço.

Sunflower disse...

Gente, nó, que emoção, quantas pessoas legais, quantos comentários bonitos. Sinto-me entendida. Bem, na verdade, sinto-me a abelhinha do clipe do Blind Melon quando ela achar o paraíso das abelhinhas estranhas.

Amei vcs aqui. Amei!

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então, li que durante as filmagens de elizabethtown, Bloom estava ocupada em Cruzadas, filme que ele estava bem pois tem espadas. E o Crowe cogitou o Ashton Kutcher para o papel, ou seja, ele realmente queria cagar tudo com o ator principal.

e essa vai pra quem gosta de música (acho que a Sá deve tentar), a banda que toca no funeral, a banda que é supostamente do primo, não é fictícia, é uma banda chamada My Morning Jacket, que é lá de Kentucky e Crowe se encantou com eles e pediu a participação no filme.

Anônimo disse...

agora pode me xingar: não vi esse ainda. mas vou ver, essa semana, prometo.
quanto ao orlando bloom, acho que ele é perfeito em papéis de época, fez tantos que fica estranho vê-lo em histórias modernas.

gostei daqui, vou até te sugerir alguns filmes mais pra frente, posso?

boa sorte!

Sunflower disse...

Lela, CLARO que vc pode indicar filmes,só nao me peça para fazer uma revisão digna, eu sou podre.

Bono, noto que a maioria das pessoas que ADORAM Elizabethtown são mulheres, os caras gostam, mas as mulheres ADORAM. Entregando o meu sexo e correndo o risco de ser excomungada, digo que tal fato se dá, por que no fundo, no fundo, as mulheres modernas, inteligentes, guerreiras, querem ser a Claire de algum homem. A mulher que entra na vida de forma inesperada, professa frase memoráveis e se torna essencial.

Idéia louca: O Timberlake ia ser muito bom para o papel do Drew.

Anônimo disse...

o timberlake? meodeosdocéo... eu tinha pensado no mark rufallo mas ainda nem vi o filme então, não vale. mas o timberlake?

Sunflower disse...

Lela, o carinha tem que ser novo, Mark, já tá um pouco passado para o papel (mas eu passava ele mesmo assim) e o Timbelake tem a pose de esnob necessária, a cara do menino de interior quando desolado, e se saiu bem em ALpha Dog e Black Snake Moan.

Flávia disse...

Eu adoooooooooooooooro Elizabethtown. Nem tinha notado que o Orlando Bloom tem cara de ricota...

adorei a sacada do Suncine.

Beijos!

Natália Nunes disse...

Pois eu preferiria o Ashton Kutcher ao Orlando Bloom.

Tipo, eu achei o Bloom tão insoso que eu me perguntei em dado momento do filme: mas porque é que eu estou gostando desse filme? É, pq aconteceu de eu ser cativada pela trama tão "aqui entre nós, essas coisas que acontecem lá, acontecem aqui também". Eu gostei do filme assim, sem ver, meio de repente, acho.

É do tipo de filme q faz a si mesmo, tem uma trama tão suficiente em si mesma, tão encaixadinha tão amarradinha q não importa se o ator principal caga tudo, a história tem voz e personalidade própria, pronto.

Eu adorei o primo pai solteiro tiete do rock e adorei a parte em q ela faz a trilha pra viagem de volta dele - isso é a sua cara, Sun :)


Adorei isso aqui!
Bitóca!

Mwho disse...

Sun,
Adoro cinema, só que tenho uma dívida enorme com o que gostaria de ter visto...
Seu estilo é delicioso!
Vou assistir ao filme em sua homenagem!
Linkei!