ONCE - Nem tudo que reluz precisa ser de ouro

Apenas uma vez



Título Original: Once
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 85 minutos
Ano de Lançamento (Irlanda): 2006
Site Oficial: www.foxsearchlight.com/once
Estúdio: Summit Entertainment / Samson Films
/ Radio Telefis Éireann / Bórd Scannán na hÉireann

Distribuição: Fox Searchlight Pictures / Imagem Filmes
Direção: John Carney
Roteiro: John Carney
Produção: Martina Niland
Música: Glen Hansard e Markéta Irglová

Fotografia: Tim Fleming
Desenho de Produção: Tamara Conboy

Direção de Arte: Riad Karin
Figurino: Tiziana Corvisieri
Edição: Paul Mullen


Elenco

Glen Hansard (Homem)
Markéta Inglová (Mulher)
Hugh Walsh (Timmy)
Geoff Minogue (Eamon)
Bill Hodnett (Pai do homem)
Danuse Ktrestova (Mãe da mulher)
Mal Whyte (Bill)
Niall Cleary (Bob)
Gerard Hendrick (Guitarrista)

Alastair Foley

Não, eu não gosto de musicais. Amo filmes, amo música, adoro prestar atenção nas trilhas sonoras, mas eu não suporto musicais. A minha simpatia não abraça personagens que abrem os braços e saem por aí cantando os seus nomes quando um simples “Prazer, Beltrana” é o suficiente.

Não, eu não gosto de musicais. “Mas, Sun, nem Moulin Rouge, Chicago?” Não e não. Nem o da estória de amor sobre o escritor que via a meretriz por quem ele era apaixonado cuspir sangue em plenos anos 30 do século passado e não sabia que aquilo era tuberculose. Nem sobre as brigas e conseqüentes, assassinatos dos egos da loira e da morena, tendo o grisalho como grande vencedor.

Não, eu não gosto de musicais. Mas tentei dar uma chance a eles. Fui de olhos, peitos e mente, todos abertos assistir ao Sweeney Todd por que é um filme do TIM BURTON, com o JOHNNY DEPP, HELENA BONHAM CARTER, que conta a história de um PSICOPATA, isto é, tinha tudo que adoro no cinema. Doze minutos após o início do filme, comecei a cavar buraquinhos na poltrona para conseguir me concentrar e continuar até o final.

Não, eu não gosto de musicais. Mas adoro filmes sobre biografias das bandas e músicos. The Wall (Pink Floyd por Alan Parker), Tommy (The Who por Ken Russel), Não estou lá (Dylan por Todd Haynes), No Direction Home (Dylan por Scorsese) e Shine a Light (Rolling Stones por Scorsese). Todos os filmes sobre música e músicos, repleta de trilha sonora e eu amo.

Vi o pôster de “Apenas uma vez” quando foi lançado, no cinema de arte. O cara bonitão com um violão e uma garota. Entortei a cabeça de lado, e li a pequena sinopse dizia algo como “Um músico de rua e uma jovem mãe encontram-se por acaso nas ruas de Dublin, nascendo entre eles um forte relacionamento. Vencedor do Oscar de Melhor Canção Original”. E do lado ouço o comentário “Ah, escutei falar que esse filme é um musical excelente”. Olho o pôster e pondero sobre o meu trauma de longa data cultivado quanto ao gênero, e decido pelo título. Determino que “Apenas MAIS uma vez” eu vou tentar.

E, meu Deus, ainda bem que tentei.

A sinopse estava correta. Mas, nem de perto ela conseguiu descrever a atmosfera do filme. Simplicidade. É a única palavra que me vem à mente na hora de descrevê-la. A simplicidade sincera de uma criança ao responder uma indagação que você não tem a resposta, e estava lá, tão clara, tão clara que você não a enxergou. A simplicidade e sinceridade mágica e brilhante de criança.

Isso por que o diretor e roteirista John Carney foi a show de uma banda, The Frames, e pediu para o vocalista compor umas músicas para que a partir delas, ele escrevesse um roteiro. Alguns encontros, resultaram em dez canções e um roteiro de 60 páginas. 150 mil dólares (grande pra nós, nada para cinema) e 17 dias de filmagem depois, eles tinham um filme.

Os atores principais do filme, não são atores de forma alguma, são músicos. O músico irlandês (Glen Hansard ) e a pianista tcheca (Markéta Irglová) interpretaram um músico irlandês de rua que estava com o coração partido e voltou a morar com pai, ajudando-o a consertar aspirador de pó. E a pianista tcheca, é uma pianista tcheca, que mora na Irlanda com a mãe e uma filhinha pra cuidar, fazendo de um tudo para a sobrevivência delas. Esses músicos não decoraram os diálogos, apenas fizeram um Jam entre eles todas as vezes que se encontravam.

O resultado desse filme praticamente sem roteiro, barato, sem atores profissionais e personagens interpretando eles mesmos?

Nas palavras de Steven Spielberg:
"Apenas uma vez me deu inspiração o suficiente para o resto do ano!”

Bob Dylan gostou tanto do filme que convidou Glen Hansard e Markéta Irglová para fazerem o show de abertura em parte de sua turnê mundial.

E, para mim, o filme é fiel a simplicidade e sinceridade mágica, quase infantil, tão brilhante que fica difícil de enxegar, e a qual Hollywood tenta compensar gastando fortunas e filmes que não adicionam nada.

Nem tudo que reluz é ouro, diz o ditado. Mas nesse caso, nem tudo que é brilhante, precisa custar caro.



Por que eu não acho um desses na esquina de casa? Nem Apenas uma vez?



6 comentários:

Natália Nunes disse...

Eu conheci parte da trilha sonora dentro do carro da Jey, e tocou justo a música tema: when your mind it's made up, a energia daquela música me emocionou, deslocou algo dentro de mim que me afetou a noite toda - e é claro q no dia seguinte eu já tinha a trilha só pra mim. Fui assistir ao filme bem depois, e sabendo cantar todas as músicas, oq me fez a história ainda mais familiar...


Eu vejo "Once" como um conto de fadas moderno, porque, respondendo a pergunta do filme: com que frequência você encontra a pessoa certa? Eu digo: taí coisa rara. Ainda mais pessoas certas que vêm e permanecem.


;***

Edna Federico disse...

Também não sou muito fã de musicais, alguns me deixam entediada, mas....
Beijo

Anômima disse...

Eu vi esse no cinema, e algumas pessoas saíram no meio da sessão. Não sou fã de musicais também (mas adoro Cantando na Chuva e Todos Dizem Eu Te Amo), e em certo ponto Apenas uma Vez me incomodou: É maravilhoso quando mostra os músicos realmente cantando e tocando, mas tem uma sequência videoclíptica que mostra o pessoal da banda na praia, correndo e se divertindo com a música ao fundo. Quebrou o clima do filme e me senti assistindo a um romance estadunidense. Tá, eu sei que sou muito crítica :-P

Silvinha disse...

Eu adoro musicais. Irritantamente, alguns me dão vontade de sair cantando por ai.

A capa deste não tinha me interessado, vou assistir.

Beijo!

ps: vc ja assistiu August Rush? (não sei como ficou em português...)

Chantinon disse...

Não gosto de musicais.
Mas esse do cara que faz bolo de carne eu até gostei :)
Ah.. e tem um que é ótimo, imperdível... Dançando no Escuro.
Além da Bjork impressionar como atriz, o filme é de arrancar as tripas de tanta revolta.

Surfista disse...

Menina, você precisa ver "Mamma Mia". É um musical com canções do Abba. Quer coisa melhor?

Também detesto musicais. Salvei "Moulin Rouge" por sua história clichezenta, mas bacana, e suas referências pops. Enfim, rara exceção.