Operação Valquíria

Operação Valquíria
(Valkyrie, 2008)
Gênero: Thriller
Duração: 120 min
Origem: EUA - Alemanha
Estréia - EUA: 26 de Dezembro de 2008
Estréia - Brasil: 13 de Fevereiro de 2009
Estúdio: 20th Century Fox
Direção: Bryan Singer
Roteiro: Christopher McQuarrie
Produção: Tom Cruise, Chris Lee, Christopher McQuarrie, Bryan Singer


Ontem, assisti ao Operação Valquíria. Já que o esquisitão-mas-super-sangue-bom do Tom Cruise veio até aqui com a sua família divulgar o trabalho e tudo mais, achei que eu e a minha família poderíamos dar um pulinho até o cinema para vê-lo.

O filme é bonzinho. Para os leigos. Quando digo leigo, quero realmente dizer: pessoas que não cresceram no meu ambiente familiar. Já que a minha mãe é um pouquinho super obcecada sobre assuntos como “Segunda Guerra Mundial” e “Holocausto”. Sério, enquanto as outras crianças recebiam avisos como “se você não se comportar, você não vai ganhar presente de Natal!” aqui em casa era “Olha, olha... Auschwitz, hein, mocinha? Estude ou você vai passar frio, fome e fazer canecas numa fábrica que não é a do Schindler!”

Então, quando o filme começou e os personagens foram apresentados, fiquei lá sem o fator surpresa, só esperando a hora de ver quem ou o quê iria cagar tudo. Porque se o Hitler só morreu no final da guerra (tirando a sua própria vida e a de sua amante), é claro que o Tom Cruise estava interpretando um outro filme do estilo Missão Impossível, mas dessa vez era impossível mesmo. Já que a Valquíria foi só a décima quinta e última tentativa de assassinato sem sucesso de Hitler. Vaso ruim da porra.

Tom Cruise interpreta o coronel alemão Claus von Stauffenberg (caolho e sem mão, quase um pirata). E ele não está lá pra jogar conversa fora. Logo no comecinho do filme, ele escreve em seu diário sobre os planos de liquidar com o Führer e – pasmem!!! – falando em um alemão perfeito. Isso mesmo, cadê a dislexia do moço? Terá a Cientologia curado-o? E o que John Travolta acha disso?

O Coronel e mais um grupo de alemães estão preocupados com o que o resto do mundo irá pensar da Alemanha e do seu legado para a humanidade. O que é, de certa forma, o diferencial do filme em relação aos outros que abordam o mesmo tema. Não é a tentativa dos aliados de chegar e salvar o planeta das mãos dos terríveis alemães, é mostrar que tinha gente sã no meio daquela esquizofrenia racista e coletiva. Ponto. Tom Cruise andar por aí carregando um olho, me lembrando uma referência meio "O Cheiro do Ralo", outro ponto.

Mas, para mim, o filme falhou na hora de contar a história, na maneira de fazê-lo. Passei maior parte do filme, pensando como o cara ia ao banheiro caso ele tivesse muito apertado, já que ele tinha recém perdido uma mão inteira e dois dedos da outra, do que onde a história iria parar. Talvez, eu simplesmente seja gato escaldado por demais a conta no tema. Ou não. Basta pensarmos na versão de Romeu e Julieta de 1996. Todo mundo, TODO MUNDO sabe a história, mas o diretor Baz Luhrmann conta de maneira diferente.

Que a Operação Valquíria não ia dar certo era do conhecimento geral da galera, logo, já que não poderiam mudar o enredo, deveriam ter incrementado a história. Eu, particularmente, faria como se fossem várias vozes em primeira pessoa, de cada uma das pessoas que participaram e, por isso, perderam a vida. Ia falar que eles seriam zumbis, mas isso simplesmente não seria historicamente verídico (mesmo que tudo com zumbis seja muito legal), então eu faria um relato do grupo que participou da operação em uma cervejaria no Limbo. "E aí, Marlene Dietrich, o que você acha de tudo isso?"

Ainda acho mais, se tivesse trocado uma idéia com Bryan Singer, ele tinha topado. Porque, afinal, um cara que topa dirigir filmes como X-Man e Superman, O Retorno, não parece dizer não pra muita idéia de merda.

Piadas a parte, pois é um assunto que não comporta brincadeiras, válido o filme ter estreado na época em que uma brasileira foi espancada e perdeu os gêmeos por causa de neo-nazistas. É bom que fique sempre lembrado o horror que um grupo de pessoas pode promover, e que sempre existe um grupo de gente sã disposto a pará-lo.

9 comentários:

Anômima disse...

Eu gosto de X-Men (na verdade, considero o segundo filme a melhor adaptação de HQs que já tive o prazer de conferir, seguida por O Cavaleiro das Trevas). Já Valquíria, não vi. Tem muito filme em cartaz para escolher!

Mateus Henrique Zanelatti disse...

LEGAL SEU BLOG. Eu que gosto de cinema vou acompanhar.
Não sei de vc vai gostar, mas entra no meu blog :D
perigosofeijao.blogspot.com

Abração

Paulo Bono disse...

pois é. gostei mais ou menos do filme. mais pra sim do que pra mão. agora, gostei pra caralho de sua crítica. sempre pensei em escrever sobre filmes nesse tom pessoal.

grande abraço

NiNah disse...

Você é a segunda pessoa que fala que esse filme é mais ou menos. Não verei no cinema ainda mais agora que não tenho mais desconto. rs
Agora vou acompanhar esse blog pra saber das coisas. ;-)
Bjo

Silvinha disse...

Sun, eu vi o filme e achei fraco, fraco no estilo diretor-não-se-sente-criativo.

Mas o que me admirou mais foi o fecho da sua resenha, autch. O que està se passando neste paìs,hein? Pq, a despeito dos problemas de uma diplomacia falha, normalmente espera-se a verificação de evidências p/ uma conclusão.

Se isso realmente tiver acontecido, é algo tràgico e que deve receber repùdio internacional. Mas e se for, ao que tudo indica no momento, produto de uma mente desiquilibrada? Continua sendo tràgico, mas se resume à um conto que desencadeou uma caça às bruxas com um oceano no meio?

Mesmo p/ leigos, as fotos falam por si sò (aparentemente, temos leituras diferentes). Mas o bom senso deveria prevalescer.

Sunflower disse...

Eu gostaria de pedir perdão por ter escrito o último parágrafo, e pedir perdão por ser brasileira também. Vergonha absoluta do que a mulher aprontou. Puta merda.

fab disse...

kkk, zumbis são legais, mas faltou uma conspiração alienígena. Pelos trailers, não achei um puuuuuta filme. Agora que você confirmou minha opinião precoce fiquei curioso pra ver. Já ouviu o piti do Bale no youtube? Pensamos igual, a gente deveria ser consultado pelos roteiristas de hollywood, receber uns telefonemas do tipo "e então, o que acha dessa cena, zumbis ou fantasmas?".

Junkie Careta disse...

BOm,agora que voltei à vida intelectual,já sei o que não vou ver no fim de semana.Sua inteligência e bom humor continuam intactos.A sessão cultural da folha de São Paulo não sabe o que tá perdendo...
Parece que também temos aqui, uma potencial diretora e roteirista! adorei a idéia da Marlene Dietrich!
Faz o roteiro que a gente corre atrás do patrocínio!

Voltei a escrever no Spleen, dessa vez falo sobre ferir alguém e suas consequências.

Quando tiver um tempinho , passe lá. Espero que vc goste.

Bjo

D.J. Dicks disse...

Queria dizeruma coisa... dislexos são capazesde parender outra lingua, é o chato é ler e escrever... mas falar é mais facil, às vezes....outra coisa se a cientologia o curou, será que ja tem grupos no brasil....
voudar crédito ao filme e ver se dou meus bracinhos magricelos a torcer, acho o Cruise um canastrão....